Departamento de Justiça dos EUA processa Apple

Este artigo foi atualizado pela última vez em março 23, 2024

Departamento de Justiça dos EUA processa Apple

US Justice Department sues Apple

Uma disputa legal sem precedentes

Num movimento histórico, o Departamento de Justiça dos EUA, apoiado por dezasseis estados, arrancou a cadeia da potência tecnológica Apple, lançando um formidável processo judicial contra ela. A Apple está sendo acusada de empregar práticas de concorrência desleal com seu principal produto – o iPhone. É revelador que as vendas do iPhone representam mais de cinquenta por cento da receita anual da Apple, arrecadando mais de 350 mil milhões de euros no ano passado. Em uma coletiva de imprensa iluminada pelo procurador-geral Merrick Garland, foi revelado que a Apple está supostamente praticando práticas “exclusivas e anticompetitivas” que afetam negativamente os consumidores e os desenvolvedores de aplicativos. Garland expôs que estas práticas resultam em escolhas limitadas para os consumidores, preços inflacionados, avanços menos inovadores e uma queda na qualidade. Para os desenvolvedores de aplicativos, a situação é agravada pelo fato de serem coagidos a aderir às regras rigorosas da Apple, isolando-os efetivamente da concorrência.

O elaborado Estratégia da Apple

A controvérsia aqui não é apenas sobre uma única violação. Em vez disso, o pomo da discórdia é a estratégia duradoura que a Apple planejou ao longo dos anos. O escopo varia desde as políticas da App Store até as taxas que os desenvolvedores são obrigados a pagar, estendendo-se até o acesso de terceiros a funcionalidades críticas do iPhone. Ao longo dos anos, a Apple construiu meticulosamente um ecossistema – uma mistura harmoniosa dos produtos que vende e do seu software proprietário/premium – que oferece integração perfeita e funcionalidade suave. Esta abordagem tem sido uma força motriz significativa por trás do apelo da marca junto aos consumidores. No entanto, o outro lado deste fenómeno é que ele diminui o fascínio pela compra de dispositivos de outras marcas, possivelmente mais baratas, devido a preocupações com compatibilidade e integração. Os procuradores são incansáveis ​​na sua afirmação de que tais práticas injustas se manifestam de diversas formas. Os bancos são incentivados a colaborar através do Apple Pay para pagamentos sem contacto, ao mesmo tempo que são impedidos de utilizar esta tecnologia nas suas aplicações. Curiosamente, sob pressão da Comissão Europeia, a Apple deu sinais de ceder terreno nesta frente. Além disso, restrições como o Apple Watch funcionar de forma otimizada apenas com iPhones, enquanto smartwatches de outros fabricantes com problemas de compatibilidade com iPhones também foram destacadas pelo departamento de justiça.

O dilema do iMessage

Somando-se à lista crescente de queixas está o fato de que o serviço de mensagens da Apple – o iMessage – oferece apenas funcionalidade ideal entre dispositivos Apple. As mensagens enviadas para dispositivos que não são da Apple resultam em mensagens SMS de qualidade inferior. Nos EUA, onde o iMessage assumiu o papel de principal meio de comunicação (um título detido pelo WhatsApp em muitos outros países), isto levou a um clamor considerável. A codificação por cores dos fundos das mensagens de texto agrava ainda mais a divisão – tornando-se azul para mensagens de Apple para Apple e verde quando enviadas para dispositivos Android. Isso exclui essencialmente os usuários de dispositivos Android de conversas em grupo centradas em dispositivos Apple. O Departamento de Justiça também destacou que as mensagens que aparecem em balões verdes não são criptografadas, os vídeos têm qualidade drasticamente inferior e os usuários não podem modificá-los após o envio. Tudo isso são consequências do envio da mensagem como SMS.

O impacto potencial

Este processo do Departamento de Justiça americano simboliza um ataque direto à Apple e às suas práticas. A gigante tecnológica, previsivelmente, manifestou-se contra as acusações, afirmando que o caso ameaça a sua essência e pode impedir a sua capacidade de produzir produtos tecnológicos adorados. No entanto, isto marca apenas a fase incipiente de um processo jurídico complicado e prolongado, com enormes riscos. Assumir um dos gadgets mais queridos da população americana não é uma atitude a ser tomada de ânimo leve. Com uma quota de mercado dominante de 65% apenas nos EUA, a Apple representa um adversário formidável. Para complicar ainda mais a situação, há um caso separado tratado pela UE contra a Apple, que recentemente resultou numa multa no valor de quase 2 mil milhões de euros cobrada ao titã da tecnologia.

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