Este artigo foi atualizado pela última vez em abril 4, 2024
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Comemorando a vida e o legado de Maryse Condé
Nas primeiras horas de hoje, o mundo perdeu um gigante na esfera literária. A célebre autora francesa, Maryse Condé, faleceu aos 90 anos. O seu cônjuge partilhou esta infeliz notícia com a agência de notícias AFP, acrescentando que ela morreu num hospital situado em Apt, a norte de Aix-en-Provence.
Uma voz renomada na literatura
Conhecida pelas suas peças provocativas que abordam temas como a escravatura, o colonialismo e as ditaduras africanas, Condé foi um pilar de influência na literatura, especialmente na literatura africana. O seu trabalho explorou questões profundas como a corrupção em estados africanos recentemente independentes, anteriormente sob domínio francês. A jornada literária de Condé começou em 1976, quando ela publicou seu primeiro trabalho, ‘Heremakhonon’, também conhecido em holandês como ‘Wait for Happiness’.
A Complexidade e a Beleza de O trabalho de Condé
Além de ‘Heremakhonon’, Condé também é reconhecido por outras obras de destaque como Ségou e La vie scélérate (The Deviant Life). Ségou, uma série de duas partes publicada em 1984, é um romance histórico que narra as provações e atribulações da família Traoré que vive na cidade de Ségou, no Mali contemporâneo. O cenário se passa durante o colapso do Império Bambara, em meio a conflitos entre árabes e traficantes de escravos brancos. Suas contribuições para a literatura ultrapassaram as fronteiras culturais, com seus livros sendo traduzidos para vários idiomas e alcançando o status de best-seller em vários países. Apesar de ter talento para escrever desde muito jovem, Condé não publicou seu trabalho de imediato, citando como motivo a falta de confiança.
Uma vida passada explorando raízes
Nascida Maryse Boucolon em Guadalupe, parte das Antilhas Francesas, Condé cresceu em uma família negra de classe média cujos pais eram educadores e membros orgulhosos da cultura francesa. A própria Condé aventurou-se na África em busca de sua ascendência africana. Essa busca a levou a se mudar para Paris para estudar inglês e literatura e, posteriormente, viver na África Ocidental por mais de uma década. Ela teve um filho com um jornalista haitiano, que a abandonou durante a gravidez. Mais tarde, ela se casou com o ator guineense Mamadou Condé, e eles se mudaram juntos para a África.
A jornada de Condé para a sabedoria
A vida em Conacri, capital da Guiné, colocou vários desafios, especialmente a criação e proteção dos seus quatro filhos num ambiente tão difícil. Esta fase difícil da vida coincidiu com a dissolução do seu casamento com Mamadou. Depois de uma breve passagem por Gana e Senegal, ela se casou com o professor britânico Richard Philcox em 1981. Mais tarde, ele se tornou seu tradutor e lhe proporcionou a paz necessária para escrever. Conseqüentemente, ela libertou Ségou dois anos depois e também morou em Nova York por duas décadas antes de se estabelecer na Provença.
Uma filha devotada de Guadalupe
Condé tinha um forte vínculo com seu país natal, Guadalupe. Quando a comissão do Prémio Nobel da Literatura foi envolvida num escândalo de abusos em 2018, um prémio alternativo, criado por intelectuais suecos, foi atribuído a Condé. Ela gentilmente dedicou o prêmio a Guadalupe. Condé sentia uma ligação profunda com a ilha e não se via como pertencente à África, à Europa ou aos Estados Unidos. O seu amor por Guadalupe era imenso e ela sempre declarou a sua devoção inabalável à ilha. O seu livro mais recente, L’Évangile du nouveau monde (O Evangelho do Novo Mundo), publicado em 2021, foi bem recebido e até nomeado para o prestigiado International Booker Prize. Conta a história de uma criança que se acredita ser o “filho de Deus”.
Maryse Condé
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