Crise de reféns em Gaza: diplomacia ou resgate extremamente complicado?

Este artigo foi atualizado pela última vez em outubro 13, 2023

Crise de reféns em Gaza: diplomacia ou resgate extremamente complicado?

Gaza Hostage Crisis

Diplomacia ou resgate? Crise de reféns em Gaza é “extremamente complicada”

O Hamas mantém cerca de 150 homens, mulheres, crianças e idosos como reféns em toda a Faixa de Gaza desde sábado. “A situação é muito preocupante”, afirma o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Ben Bot. “Este grupo de reféns é o maior trunfo que o Hamas possui.”

Além dos israelenses, o movimento terrorista também sequestrou dezenas de pessoas no exterior. E todos estes países estão a exercer pressão nos bastidores sobre o governo de Jerusalém para que os seus cidadãos regressem em segurança. “O facto de estarem envolvidas tantas nacionalidades torna a situação ainda mais complicada”, continua Bot.

Como salvar dezenas de pessoas que podem ser mantidas como escudos vivos numa zona de guerra? Os especialistas consideram quase impossível libertar tantas pessoas numa área urbana densamente povoada como Gaza, nestas circunstâncias, com operações de resgate.

‘Tudo tem que estar certo’

“Uma campanha militar ‘normal’ é mais óbvia do que tentar localizar 150 pessoas e trazê-las de volta inteiras”, diz o especialista em inteligência e segurança Bob de Graaff. “Para operações cirúrgicas desse tipo em território inimigo, tudo tem que estar certo, caso contrário, corre-se o risco de causar ainda mais vítimas.” Especialmente porque os combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica estão preparados para tentativas de resgate.

A melhor opção para os reféns são as negociações entre as partes em conflito, concordam os dois especialistas. Mas esse cenário parece muito distante. Bot: “O Hamas não sabe onde ceder e Israel está à procura de uma abordagem firme.”

Por trás das cenas

É impossível dizer se os inimigos estão em contacto nos bastidores sobre a crise dos reféns. Porém, o ex-ministro Bot considera pequena a chance de isso acontecer. “Israel agora quer deixar claro um ponto claro e não ser acusado depois de que bolos doces já estavam sendo assados ​​em segredo.”

O Hamas ameaça executar os reféns um por um se Israel bombardear civis em Gaza sem aviso prévio. Imagens de vídeo sugerem que pelo menos quatro israelenses sequestrados foram mortos logo após serem feitos reféns, relata o The Washington Post.

Há incerteza sobre como estão os outros abduzidos. Uma exceção é a alemã Shani Louk, que foi colocada inconsciente na traseira de um caminhão após ser sequestrada em um festival de música. Segundo a mãe, a jovem está gravemente ferida num hospital no norte de Gaza.

Não está claro exatamente quantos israelenses e estrangeiros estão mantidos como reféns. As estimativas variam de 100 a 200. Além de civis israelenses, incluem soldados. Estão detidos por várias milícias, a maior das quais é o Hamas.

Estão desaparecidos cidadãos de outros treze países: Estados Unidos, Alemanha, França, Itália, Áustria, Rússia, Grã-Bretanha, China, Filipinas, Nepal, Tailândia, Brasil e México. Em vários casos, foi estabelecido que pessoas foram raptadas nestes países.

O Hamas disse que quer libertar todos os prisioneiros palestinos nas prisões israelenses em troca dos reféns israelenses. No total, estima-se que cerca de 4.500 palestinos estejam sob custódia.

Não deixar nenhum homem para trás?

Em 2011, Israel libertou cerca de mil palestinos em troca de um dos seus próprios soldados: Gilad Shalit. Mas os analistas não acreditam que as autoridades israelitas tomem tal decisão neste conflito. “A política de não deixar ninguém para trás torna-se extremamente difícil de implementar, se não impossível, a tal escala”, diz De Graaff.

O Qatar e a Turquia estão a negociar com o Hamas para libertar cidadãos reféns. Isto foi afirmado por funcionários anónimos dos dois países, que actuam regularmente como mediadores, aos meios de comunicação internacionais. Bot chama isso de esperança para os reféns. “Apenas os países islâmicos podem entrar em contacto direto com os líderes do Hamas.” Uma solução provisória pode ser possível desta forma, por exemplo, para estrangeiros que estão detidos.

Na situação actual, nenhum país lançará sozinho uma operação de resgate em Israel.

Bob de Graaff, especialista em inteligência e segurança

A Cruz Vermelha está em contacto tanto com o Hamas como com Israel. A organização de ajuda oferece assistência médica aos reféns e ajuda em possíveis libertações.

Uma crise humanitária assola a fortemente bombardeada Faixa de Gaza: a ajuda de emergência mal chega. Só quando os reféns forem libertados Gaza recuperará o acesso à energia, à água e ao combustível, disse hoje o Ministro da Energia israelita.

O tempo está se esgotando para os reféns. O governo de unidade nacional de Israel, formado ontem, está a tentar encontrar uma saída para a crise dos reféns. “Há um debate acirrado dentro do governo sobre o que fazer e quão contido o exército deveria ser por causa dos reféns”, disse o analista Tobias Borck, do think tank RUSI, contra o site de notícias Politico.

Aumentar a pressão

Segundo o antigo professor de terrorismo e contraterrorismo De Graaff, uma coisa é certa: “Nenhum país, incluindo os EUA, lançará uma operação de resgate por conta própria na situação actual. A única coisa que os governos podem fazer pelos seus compatriotas é aumentar a pressão tanto sobre o Hamas como sobre Israel.”

A questão é saber até que ponto a diplomacia pode alcançar se ambos os lados se mantiverem firmes. Contudo, segundo o ex-ministro Bot, a influência da pressão externa não deve ser subestimada. “Quanto mais países e organizações mostrarem unidade para resolver isto de forma construtiva, melhor.”

Crise de reféns em Gaza

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