Ativos russos congelados para a Ucrânia, isso é possível?

Este artigo foi atualizado pela última vez em junho 27, 2023

Ativos russos congelados para a Ucrânia, isso é possível?

Líderes de governos europeus consideram usar ativos russos congelados para reconstruir a Ucrânia

Líderes de governos europeus estão discutindo planos para utilizar ativos russos congelados para apoiar a reconstrução de Ucrânia e financiar seu exército. A proposta gira em torno da ideia de reaproveitar mais de 200 bilhões de euros em ativos russos que estão atualmente congelados na União Europeia devido a sanções por seu envolvimento na guerra na Ucrânia. No entanto, a questão permanece: esses ativos podem ser usados ​​dessa maneira sem consequências significativas?

Os ativos russos congelados consistem em contas bancárias e outras propriedades pertencentes a russos e organizações que apoiam a guerra na Ucrânia. A maioria desses ativos são depósitos do banco central russo. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apóia a ideia de confiscar esses bens, afirmando que “a Rússia deve pagar o preço total por sua agressão”.

Complexidades legais e possíveis consequências

Embora a proposta possa atrair simpatia na Europa, não é um processo simples. Yvo Amar, advogado e especialista em leis sancionatórias, explica que a expropriação não é fácil de implementar. Só é possível se o dinheiro em questão foi obtido através de atos criminosos. Apenas ter laços com Putin ou estar envolvido na guerra não fornece motivos suficientes para a apreensão dos ativos.

Além disso, usar esses ativos congelados para apoiar a reconstrução da Ucrânia traz riscos potenciais. O economista Mathijs Bouman adverte que, ao utilizar esses fundos, a Europa estaria colocando algo em risco. As implicações e consequências exatas de tais ações devem ser cuidadosamente consideradas antes de prosseguir.

Apesar das complexidades, os líderes europeus estão determinados a encontrar uma maneira de beneficiar a Ucrânia usando esses ativos congelados. Um grupo de trabalho foi estabelecido para explorar as possibilidades, reconhecendo que o confisco direto pode não ser viável. “Mas há outras possibilidades”, diz Anders Ahnlid, o presidente sueco do grupo de trabalho.

Abordagem da Bélgica e suas implicações

O recente anúncio da Bélgica chamou a atenção de outros países europeus. Eles declararam que, em vez de fornecer crédito direto à Ucrânia, alocariam uma parte da receita de juros gerada pelos ativos russos congelados. Através desta abordagem, a Bélgica visa contribuir para o apoio da Ucrânia e fornecer ajuda aos refugiados ucranianos dentro de suas fronteiras. Somente este ano, a Bélgica planeja alocar 625 milhões de euros para esses esforços.

No entanto, a abordagem da Bélgica não é isenta de controvérsias. Koen Schoors, professor de economia da Universidade de Ghent, destaca a posição única da Bélgica devido ao Euroclear, um provedor de serviços financeiros com sede em Bruxelas, que detém uma quantia substancial do dinheiro russo congelado. Isso gera receita de juros significativa, que a Bélgica pode alocar para os fins pretendidos. No entanto, a discussão sobre até que ponto os países podem utilizar esses ativos permanece sem solução. Há preocupações sobre a violação dos direitos de propriedade e o potencial enfraquecimento da confiança no euro.

Koen Schoors, professor de economia, adverte que países como a China podem buscar alternativas se perceberem potencial manipulação política em questões financeiras.

Opções potenciais para utilizar ativos russos

Dentro da União Européia, duas opções principais estão sendo consideradas para alavancar os ativos russos congelados. A primeira opção envolve a imposição de um imposto sobre a receita de juros gerada por esses ativos, semelhante à abordagem da Bélgica. Este imposto poderia ser definido em uma taxa mais alta para maximizar a receita para a Ucrânia. A segunda opção é os próprios países europeus investirem o dinheiro e depois alocarem os recursos para a Ucrânia.

Em última análise, a decisão sobre como proceder cabe aos líderes europeus que se reunirão na próxima semana. O professor Schoors enfatiza que é preciso ter cautela para evitar minar a confiança no euro. O risco potencial de países, particularmente a China, redirecionarem seus investimentos financeiros devido a preocupações com manipulação política também deve ser levado em consideração.

Permanece incerto se uma decisão será tomada durante a próxima reunião. No entanto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que uma proposta será apresentada antes do recesso de verão, enfatizando a importância de responsabilizar os perpetradores por suas ações.

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